quinta-feira, 19 de abril de 2012

Polo Cinematográfico de Paulínia sofre com descaso


 Doi quando você abre o jornal e encontra noticias como esta. É vergonhoso  quando uma região toda sofre com o descaso dos politicos.
Eu estou me sentindo como os Índios, que perderam a sua terra, a sua casa, com a tremenda desvalorização da cultura daqui da região, nós tambem perdemos nosso espaço.
Abaixo a matéria da Folha do dia de hoje:

Folha.com - Ilustrada 19/04

Construído para ser a Hollywood brasileira, o Polo Cinematográfico de Paulínia (a 117 km de São Paulo) hoje mais parece uma cidade fantasma. Cursos e editais foram suspensos, e os estúdios atualmente não têm utilidade. Na semana passada, o prefeito José Pavan Júnior (PSB) cancelou a quinta edição do festival de cinema, previsto para junho, para "priorizar o trabalho social" na cidade. Sem explicar direito que destino daria à verba, de pelo menos R$ 3 milhões, suspendeu a principal vitrine da produção local e um dos principais eventos do país, ao lado de festivais como Gramado e Brasília, por exemplo. Desde a compra dos terrenos, na década de 1990, estima-se que tenham sido gastos R$ 490 milhões no desenvolvimento do polo. A estrutura conta hoje com cinco estúdios, um teatro e uma escola (veja quadro abaixo). O projeto foi bancado principalmente com dinheiro dos impostos pagos pelo setor petroquímico da cidade (em 2011, a receita total foi de cerca de R$ 920 milhões). Graças às indústrias, o município de 82 mil habitantes tem a maior arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) per capita do Estado. O polo de cinema foi concebido pelo prefeito anterior, Edson Moura (PMDB), para tentar diminuir a dependência da cidade do petróleo. Pavan diz que continuará a investir em cinema, mas não é isso o que se vê hoje. O estúdio de animação de R$ 29 milhões tem 120 estações de trabalho e softwares de última geração, mas seus equipamentos estão totalmente desligados. Nenhum filme foi produzido lá desde sua inauguração, em 2009. Um espaço com o fundo em "chroma key" (usado para criar efeitos de sobreposição) hoje serve como depósito para amontoar cadeiras, armários e objetos da prefeitura. Os estúdios são geridos pela Quanta -empresa de locação de recintos e equipamentos audiovisuais. Num esquema de parceria público-privada, a Quanta recebe por contrato, haja ou não a realização de filmes. No ano passado, foram pagos à empresa cerca de R$ 20 milhões. A escola Magia do Cinema foi desativada. Os cursos para a formação de roteiristas, diretores e produtores deram lugares a eventuais work-shops de curta duração. O prédio deu lugar a uma escola de ensino fundamental. Fernando Negrovsk, 29, saiu de Caxias do Sul (RS) em 2010 para se aperfeiçoar em cinema. O produtor e diretor foi para Campinas (SP), mas não conseguiu se inscrever nos cursos de Paulínia por não morar na cidade. Resolveu então se mudar para lá, onde ficou mais de um ano aguardando as aulas começarem. "Fiquei esse tempo todo sendo enrolado, com a perspectiva de que ia acontecer alguma coisa. Transferi minha vida para cá, mas não serviu de nada", conta. Recentemente, fundou uma produtora com um colega em São Paulo. A falta de profissionais treinados dificulta o cumprimento de uma das exigências do edital de apoio a produções na cidade. Ele determina que metade do valor recebido pela produtora seja gasto com mão de obra e serviços locais. "Há uma carência danada de mão de obra qualificada na cidade. Você forçar a contratação de uma pessoa não qualificada é complicado, mas isso a escola estava resolvendo aos poucos", afirmou o produtor Rodrigo Letier, da TVZero, responsável por "Bruna Surfistinha". A maior parcela dos contratados locais acaba servindo de motorista e figurante.

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