A adaptação do Studio Ghibli para a obra de Ursula K. LeGuin estava a muito tempo por vir. Entre 1964 e 2001, LeGuin trouxe a vida um elaborado mundo de fantasia com cinco romances e vários contos. Entre os inúmeros cineastas que desejavam levar este mundo as telas, estava Hayao Miyazaki, que se aproximou de LeGuin antes mesmo de produzir Nausicaä do Vale do Vento em 1984. Sem conhecer seu trabalho, LeGuin rejeitou sua aproximação.
Em 1988 quando ela assistiu um de seus filmes, My Neighbour Totoro, LeGuin cedeu. “Considero Miyazaki um gênio do mesmo calibre de Kurosawa e Fellini.” disse ela. A escritora estava mais aberta a uma negociação anos depois, quando foi procurada pelo produtor do estúdio, Toshio Suzuki. Mas este, não se tornou um projeto de Miyazaki. A direção do projeto foi para seu filho Gorō, um arquiteto que se envolveu com o mundo Ghibli quando trabalhou na concepção do Museu Ghibli. Gorō começou ajudando nos storyboards, depois participou da produção do roteiro e terminou dirigindo o projeto.
A falta de experiência como diretor de animação é evidente no trabalho. O próprio Miyazaki pai assumiu a rsponsabilidade pela falta de experiência do filho e que problemas de relacionamento dos dois afetaram a produção. Aliás, fica claro para qualquer um que Gorō precisa percorrer uma longa estrada se quiser chegar aos pés de virtuosismo do pai. Ainda assim, Contos de Terramar -Tales from Earthsea é genuinamente um filme da Ghibli quando se trata de imagens bem construídas e quadros pintados a mão.
A história começa com alguns marinheiros avistando um dragão – o que já e estranho por si só – e logo depois avistam outro, e as duas feras lutam entre si. Este é somente um dos muitos incidentes estranhos e perturbadores no reino. O rei é assassinado, aparentemente por seu filho de 17 anos, Arren, que rouba sua espada e foge.
Arren, que apesar do ato de patricídio é o herói da história, é resgatado da morte pelo misterioso Sparrowhawk. Ao viajarem pelo reino de Hort e salvarem uma garota de mercadores de escravos, Arren visita o amigo de Sparrowhawk, Teran, o guardião de Therru, que guarda um grande segredo. Enfim, uma confusão só.
Assim como em muitas adaptações de obras literárias, há em Contos de Terramar aquela sensação de que muito acontece e que não é explicado. Há muitos desvios, atalhos e coincidências forçadas.
A própria LeGuin reclamou com veemência tanto da obra da Ghibli quanto de uma adaptação americana feita para a TV alguns anos antes. “Tanto os produtores americanos e os japoneses trataram os livros como amontoados de nomes e pouco conceito, tirando fatos e pedaços do contexto, e substituindo a história original por tramas totalmente diferentes, nas quais falta coerência e consistência. Fico assustada com o desrespeito não só aos livros,mas aos leitores.”
Apesar das liberdades tomadas, a estréia de Gorō Miyazaki como direção não é totalmente falha. O talento dos profissionais da Ghibli mantem a estrutura da obra. A animação em si é mais tradicional e simplista e menos entusiasmante que seus predecessores diretos (A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado), mas possui muitas qualidades únicas; a beleza robusta na criação de todo um mundo, assim como o senso de fantasia e magia equilibrada como a seriedade da trama.
Neste caso, desenvolvem a idéia de a mágica ser essencial para o equilíbrio do mundo. Sparrowhawk é o mantenedor deste equilíbrio, enquanto a determinação de alguns em vencer a morte, vai contra todo o senso de decência. “A humanidade possui o poder de controlar o mundo – cabe a nós preservar este equilíbrio” diz Sparrowhawk. Pode parecer piegas, mas é uma boa metáfora para o lugar da humanidade na Terra, e os usos e abusos daquilo que este poder oferece.
Apesar de nunca ter sido lançado comercialmente no Brasil, Contos de Terramar é exibido esporadicamente nos canais a cabo Cinemax e HBO.
Em 1988 quando ela assistiu um de seus filmes, My Neighbour Totoro, LeGuin cedeu. “Considero Miyazaki um gênio do mesmo calibre de Kurosawa e Fellini.” disse ela. A escritora estava mais aberta a uma negociação anos depois, quando foi procurada pelo produtor do estúdio, Toshio Suzuki. Mas este, não se tornou um projeto de Miyazaki. A direção do projeto foi para seu filho Gorō, um arquiteto que se envolveu com o mundo Ghibli quando trabalhou na concepção do Museu Ghibli. Gorō começou ajudando nos storyboards, depois participou da produção do roteiro e terminou dirigindo o projeto.
A falta de experiência como diretor de animação é evidente no trabalho. O próprio Miyazaki pai assumiu a rsponsabilidade pela falta de experiência do filho e que problemas de relacionamento dos dois afetaram a produção. Aliás, fica claro para qualquer um que Gorō precisa percorrer uma longa estrada se quiser chegar aos pés de virtuosismo do pai. Ainda assim, Contos de Terramar -Tales from Earthsea é genuinamente um filme da Ghibli quando se trata de imagens bem construídas e quadros pintados a mão.
A história começa com alguns marinheiros avistando um dragão – o que já e estranho por si só – e logo depois avistam outro, e as duas feras lutam entre si. Este é somente um dos muitos incidentes estranhos e perturbadores no reino. O rei é assassinado, aparentemente por seu filho de 17 anos, Arren, que rouba sua espada e foge.
Arren, que apesar do ato de patricídio é o herói da história, é resgatado da morte pelo misterioso Sparrowhawk. Ao viajarem pelo reino de Hort e salvarem uma garota de mercadores de escravos, Arren visita o amigo de Sparrowhawk, Teran, o guardião de Therru, que guarda um grande segredo. Enfim, uma confusão só.
Assim como em muitas adaptações de obras literárias, há em Contos de Terramar aquela sensação de que muito acontece e que não é explicado. Há muitos desvios, atalhos e coincidências forçadas.
A própria LeGuin reclamou com veemência tanto da obra da Ghibli quanto de uma adaptação americana feita para a TV alguns anos antes. “Tanto os produtores americanos e os japoneses trataram os livros como amontoados de nomes e pouco conceito, tirando fatos e pedaços do contexto, e substituindo a história original por tramas totalmente diferentes, nas quais falta coerência e consistência. Fico assustada com o desrespeito não só aos livros,mas aos leitores.”
Apesar das liberdades tomadas, a estréia de Gorō Miyazaki como direção não é totalmente falha. O talento dos profissionais da Ghibli mantem a estrutura da obra. A animação em si é mais tradicional e simplista e menos entusiasmante que seus predecessores diretos (A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado), mas possui muitas qualidades únicas; a beleza robusta na criação de todo um mundo, assim como o senso de fantasia e magia equilibrada como a seriedade da trama.
Neste caso, desenvolvem a idéia de a mágica ser essencial para o equilíbrio do mundo. Sparrowhawk é o mantenedor deste equilíbrio, enquanto a determinação de alguns em vencer a morte, vai contra todo o senso de decência. “A humanidade possui o poder de controlar o mundo – cabe a nós preservar este equilíbrio” diz Sparrowhawk. Pode parecer piegas, mas é uma boa metáfora para o lugar da humanidade na Terra, e os usos e abusos daquilo que este poder oferece.
Apesar de nunca ter sido lançado comercialmente no Brasil, Contos de Terramar é exibido esporadicamente nos canais a cabo Cinemax e HBO.
Ficha Técnica
Título: Contos de Terramar -Tales from Earthsea
Título Original: Tales from Earthsea (Gedo Senki)
Direção: Gorō Miyazaki
Produção: Toshio Suzuki/ Tomohiko Ishii
Roteiro: Gorō Miyazaki/ Keiko Niwa/ Baseado no romance de Ursula K. Le Guin
Música: Tamiya Terashima
Ano de Lançamento: 2006
País: Japão
Gênero: Animação/Aventura/Fantasia
Estúdio: Studio Ghibli
Duração: 116 min.
Agradecimentos Deborah Magnani criadora e coordenadora do projeto CUBO3. Artista multimídia, com foco em animação e interfaces digitais. Que nos deixou usar seus Textos sobre o Studio Ghibli. \o/
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